Em 2022, Portugal exportou cerca de 78,3 mil milhões de euros em bens. Minérios e metais, máquinas, químicos e borrachas, produtos agro-alimentares e material de transporte representaram 75% desse valor:

  1. Minérios e metais: 17,1 mil milhões de euros
  2. Máquinas: 10,9 mil milhões de euros
  3. Químicos e borrachas: 10,8 mil milhões de euros
  4. Agro-alimentares: 10,1 mil milhões de euros
  5. Material de transporte: 9,7 mil milhões de euros
  6. Peles, couros e têxteis: 6,5 mil milhões de euros
  7. Madeira, cortiça e papel: 6,1 mil milhões de euros
  8. Vestuário e calçado: 2,2 mil milhões de euros

A categoria "outros" engloba instrumentos e aparelhos de ótica, fotografia ou cinematografia, de medida, controlo ou de precisão, instrumentos e aparelhos médico-cirúrgicos, de relojoaria e instrumentos musicais, entre outros:

Produtos exportados por Portugal em 2022

Nos serviços, Portugal exporta sobretudo turismo. De um total de 44,2 mil milhões de euros em serviços em 2022, o turismo representou praticamente 50% (cerca de 21,1 milhões de euros):

Exportações de serviços Portugal_ em 2022

Em valor, e por setor, as exportações de serviços em 2022, foram as seguintes:

  1. Viagens e turismo: 21,1 mil milhões de euros
  2. Transportes: 9 mil milhões de euros
  3. Serviços de telecomunicações, informáticos e de informação: 3,7 mil milhões de euros
  4. Construção: 971,5 milhões de euros
  5. Outros: 9,4 mil milhões de euros (setores individualmente muito pouco expressivos, onde os maiores são, por exemplo, os serviços culturais e recreativos, com 391 M€, ou os serviços financeiros, com 396 M€)

Evolução das exportações portuguesas de bens e serviços entre 2000 e 2022

Em 2000, Portugal exportava bens no valor de 27 mil milhões de euros. De lá para cá, Portugal quase multiplicou por 3 o volume exportado (em termos nominais, ou seja, não descontando o valor da inflação).

Em 2022, as exportações de bens atingiram 78,3 mil milhões de euros:

Evolução das exportações portuguesas de bens entre 2000 e 2022

O volume de serviços vendido ao exterior só começou a assumir algum significado no período "pós troika", isto é, após Portugal sair do período de resgate financeiro em 2014.

Portugal consolidou a aposta no turismo e as receitas cresceram de forma continuada desde então (excetuando o período da pandemia):

Evolução das exportações portuguesas de serviços entre 2000 e 2022

Quais os produtos e quanto valem as importações portuguesas?

De acordo com os dados da Pordata, em 2022, as importações de bens atingiram os 124,9 mil milhões de euros.

Se analisarmos os setores que mais importam em Portugal, vamos encontrar os principais setores exportadores. Posto de forma simples, isto quer dizer que o valor acrescentado das exportações portuguesas continua a ser baixo. Continuamos a depender, em muito, das nossas compras ao exterior, para produzir os bens que exportamos.

Para o ranking dos setores mais importadores, acrescentamos o valor das exportações desses mesmos setores:

Setores (valores em milhões de euros) Importações Exportações
Minérios e metais 29.587 17.130
Químicos, borrachas 18.676 10.870
Máquinas 18.363 10.918
Agroalimentares 15.517 10.058
Material de transporte 11.169 9.696
Pele, couro e têxteis 6.357 6.539
Madeira, cortiça e papel 3.526 6.116
Vestuário e calçado 1.101 2.175

Fonte: Pordata

Simplificando, e sem colocar em causa o mérito do valor exportado, a verdade é que Portugal continua a depender muito do que compra ao exterior para produzir, e exportar.

Um exemplo, se olharmos para os setores mais exportadores, na verdade, eles são importadores líquidos (importam mais do que o que exportam). O dos minérios e metais, químicos e borrachas, máquinas, agroalimentares ou material de transporte. A maioria destes setores depende do petróleo ou de componentes.

É nos setores "mais tradicionais", que há um contributo positivo. É aí que Portugal consegue "acrescentar valor" e ser um exportador líquido. É o caso do setor das peles, couro e têxteis, e sobretudo da madeira, cortiça e papel (onde o "valor acrescentado" é mais notório) e vestuário e calçado.

Evolução da balança comercial entre 2000 e 2022

O saldo da balança comercial é dado por "exportações - importações" e inclui os bens e os serviços. Se a diferença é positiva, temos um excedente comercial, que "faz crescer" o produto interno bruto. Se o saldo for negativo, isso abate às outras componentes, fazendo descer o produto.

Isto porque, o produto interno bruto (PIB) a preços de mercado, na ótica da despesa, corresponde a:

  • Consumo privado (famílias e empresas residentes) + consumo público (Estado e organismos públicos) + investimento + exportações de bens e serviços - importações de bens e serviços.

Eis como se resume o comportamento da nossa balança comercial:

  • balança comercial de bens historicamente deficitária (compramos mais ao exterior do que vendemos);
  • balança comercial (bens e serviços) positiva entre 2012 e 2019: superavits da balança de serviços (turismo) compensaram, ainda que de forma ténue, os déficits da balança de bens;
  • balança comercial (bens e serviços) negativa em 2020 e 2021 (-3,9 e -5,6 mil milhões de euros): receitas do turismo muito baixas, não chegaram para compensar a deficitária balança de bens;
  • balança comercial (bens e serviços) negativa em 2022 (-4,9 mil milhões de euros): embora a balança dos serviços tenha voltado a um expressivo superávit (21,5 mil milhões de euros), tal não foi suficiente para compensar o déficit da balança de bens (-26,5 mil milhões), o mais negativo desde que há registos.

Evolução da balança comercial (bens + serviços) de Portugal

Consulte também As 25 maiores potências mundiais da atualidade, constate como a vocação exportadora faz parte da estratégia e o perfil "global" é comum a muitas delas. E tire as suas conclusões.

Paula Vieira
Paula Vieira
Economista pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto. É consultora em processos de fusão e aquisição de empresas, finanças e gestão.