Emprego

Dicas para quem está a entrar no mercado de trabalho

Entrar no mercado de trabalho pode ser um passo desafiante. Deixamos algumas pistas do que pode encontrar e como se pode preparar.

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Dicas para quem está a entrar no mercado de trabalho

Entrar no mercado de trabalho pode ser um passo desafiante. Deixamos algumas pistas do que pode encontrar e como se pode preparar.

Agosto é um mês marcado por férias para uma grande parte das pessoas. Mas também é um marco importante para quem terminou os estudos e está à procura do seu primeiro emprego para entrar no mercado de trabalho. Este período é marcado, muitas vezes por ansiedade e muitas dúvidas.

Como entrar no mercado de trabalho? Quanto vou conseguir ganhar? Que impostos vou ter de pagar? Quero sair de casa dos meus pais, qual a melhor opção? Estas são apenas algumas das questões que assolam os jovens que estão agora a entrar na fase adulta e que anseiam pela sua independência.

Neste artigo, vamos abordar as questões mais colocadas nesta fase da vida, para tentar ajudar cada jovem a preparar-se melhor para o que aí vem.

Antes de tudo: a preparação do CV

Antes de começar à procura de emprego, é essencial preparar um currículo que esteja atualizado. Fazer um bom CV é determinante para que possa sobressair e conseguir entrar no mercado de trabalho. E quando o enviar, adapte-o à função e à empresa para onde se está a candidatar.

Mesmo que ainda não tenha experiência profissional, há forma de mostrar que pode ser uma mais-valia para o projeto a que está a concorrer. Mostre o que já fez ao longo da sua juventude, em que projetos esteve, quais os seus interesses, traços de personalidade, entre outros. E se deve ilustrar bem como é e quais são as suas capacidades, atenção para não tornar o CV num repositório alargado de informação. Concentre-se no que pode fazer a diferença.

E como, nem só de CV vive uma candidatura, não se esqueça que a carta de apresentação que enviar com o currículo pode ser igualmente determinante. Mostre qual a sua motivação para fazer parte daquele projeto. Prove que a sua contratação pode ser uma mais-valia para a empresa.

Leia ainda: Carta de apresentação: Dicas para recém licenciados

A procura por um emprego

A procura de emprego pode ser feita de várias maneiras. Pode responder a anúncios publicados nos sites agregadores de ofertas de emprego, nos jornais ou nos sites das empresas. Desta forma, vai estar a responder a necessidades identificadas pelas próprias empresas.

Outra forma de tentar encontrar o emprego dos seus sonhos é identificar projetos, empresas, departamentos, áreas onde gostava de trabalhar e apresentar uma candidatura espontânea. Arrisque. Não tem nada a perder, bem pelo contrário.

Uma empresa, mesmo que não esteja a pensar contratar para determinada função, poderá dar-lhe uma oportunidade se a sua candidatura provocar o efeito certo. Por isso, como dissemos antes, elabore uma carta de apresentação que seja diferenciadora. Esta pode ser a sua porta de entrada para o que mais ambiciona fazer.

Preparação para as entrevistas

Uma entrevista de emprego pode ser um momento desconfortável. Mas não é necessário. Pense na entrevista como uma conversa com alguém com quem pode ir trabalhar. Antes da entrevista prepare-se. Estude um pouco a empresa, o projeto e a área para a qual se candidatou.

Responda às questões que lhe colocarem da forma mais clara e concisa que puder. Deixe os nervos de lado e concentre-se no seu objetivo. Seja transparente e honesto. Não lhe valerá de muito exagerar nas suas capacidades e conhecimentos. Quem o está a entrevistar sabe que a sua experiência é reduzida, pelo que os conhecimentos práticos também não devem ser elevados.

Assuma as suas forças e fragilidades. Todos temos. Mesmo as pessoas que estiverem a fazer-lhe a entrevista.

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A preparação da entrevista passa também por pensar no que quer, no que ambiciona, como se imagina daqui a uns anos. Pensar neste tipo de questões pode ajudar a reforçar a sua confiança nas entrevistas.

E não deixe dúvidas por esclarecer. Uma entrevista de emprego não serve apenas para o empregador conhecer o candidato. Serve também para o candidato conhecer a empresa para a qual se está a candidatar.

Tente perceber qual é o ambiente que se vive na empresa, qual o modelo de trabalho, o que esperam de si enquanto candidato. Faça perguntas que o ajudem a perceber se se vê a trabalhar naquela empresa, naquele projeto e com aquelas pessoas.

Quanto será o salário ao entrar no mercado de trabalho?

Quanto vamos receber ao final do mês é uma das dúvidas que quem começa mais tem. E muitas empresas perguntam nas entrevistas qual a expectativa salarial do candidato. Antes desse momento é importante tentar perceber qual é o valor médio da função e da área para qual vai trabalhar.

Para perceber melhor quanto poderá ganhar, pergunte a quem esteja a trabalhar em funções semelhantes e faça pesquisas online para ver rankings e estudos que ajudem a perceber melhor o panorama.

Para ter uma noção geral, o salário médio de um jovem com o ensino secundário era de 893 euros, em 2021. Já os jovens com uma licenciatura auferem, em média, 1.296 euros, de acordo com os dados da Fundação José das Neves. Contudo, estes valores englobam todas as áreas e funções, pelo que é possível encontrar salários mais altos e mais baixos.

Conheça ainda quais são as profissões mais bem pagas em Portugal, ainda que este tipo de ranking não se apliquem diretamente a quem está a começar agora a sua jornada profissional.

Ter noção de quanto pode ganhar é determinante para conseguir negociar com a empresa. Além disso, é também essencial perceber o que lhe estão a oferecer efetivamente. Para tal, precisa de saber o que é o salário bruto e o salário líquido e quais as componentes que podem fazer a diferença no dinheiro que pode cair na sua conta bancária.

Leia mais: É jovem e vai aceitar o seu primeiro emprego? Conheça os seus benefícios, direitos e deveres

Salário bruto e salário líquido

É muito habitual as empresas apresentarem propostas salariais em valores brutos. Na verdade, esta é a melhor forma de comparar propostas de trabalho. Mas o valor bruto não é o dinheiro que vai ter. Assim, é essencial perceber a diferença entre estes dois conceitos.

O salário bruto tem todas as componentes do seu rendimento: o base, algumas componentes como a isenção de horário, o subsídio de alimentação, entre outros complementos que podem ser pagos pela entidade patronal. Inclui também os valores dos impostos que serão entregues ao Estado.

Já o salário líquido é o valor que vai entrar na sua conta ao final do mês, já após todos os descontos feitos pela empresa (e que são entregues ao Estado). Os descontos são feitos para a Segurança Social, que no caso de um trabalhador por conta de outrem é de 11% do rendimento base, e para o IRS, cujo valor depende do rendimento – quanto mais elevado maior a taxa aplicada.

Ao receber uma (ou mais) propostas de trabalho não precisa de dar resposta de forma imediata. Faça contas. Pergunte de que forma é composta a proposta salarial que lhe estão a fazer para que possa perceber exatamente o que está em causa. E depois use o Simulador de Salário Líquido para fazer contas.

Saiba que as componentes salariais podem ser variadas. Pode ter apenas o salário base e o subsídio de alimentação, o que simplifica as contas, mas a proposta pode conter outras componentes. É essencial que perceba quais são as componentes do salário para saber que tipo de impostos vai pagar e quanto vai ter de rendimento líquido.

Leia ainda: Fizeram-me uma proposta de trabalho, como calcular o salário líquido?

A gestão do salário

Ter um ordenado é alcançar a liberdade por que tanto esperámos. Quantos de nós não ansiaram por ter a liberdade de poder almoçar e jantar fora com os amigos, ir ao cinema e de férias sem ter de pedir dinheiro aos pais?

Esta liberdade é mágica. E requer outro tipo de responsabilidade. É determinante que pensemos sobre o que queremos para a nossa vida adulta. Qual é a nossa ambição?

A verdadeira independência não passa por termos um ordenado. Exige outras preocupações. Há algo que todos ansiamos: sair de casa dos pais. Atingir a independência plena. E, para isso, é determinante termos consciência dos desafios que vamos encontrar.

Ganhar o primeiro salário é, de facto, especial. Nunca tivemos tanto dinheiro nosso. E, por isso mesmo, devemos criar, automaticamente, uma poupança que nos permita ambicionar voar mais alto. Até porque, dificilmente, vamos ter outro período na vida em que seja tão fácil poupar.

O que queremos alcançar? Quando queremos sair de casa dos pais? E como o vamos fazer? Conseguimos comprar casa? Vamos arrendar? Independentemente dos nossos sonhos há algo que precisamos de começar a fazer desde o momento zero: poupar.

Se nunca ganhámos ordenado e agora ganhamos, e não temos grandes responsabilidades financeiras (afinal continuamos a viver em casa dos pais), podemos alocar uma parte significativa do nosso rendimento para a poupança.

Não, não é suposto só pensarmos em poupança. É suposto aproveitarmos ao máximo cada cêntimo que ganhamos fruto do nosso trabalho. Mas a poupança será isso mesmo: aproveitar ao máximo o dinheiro que ganhamos.

A sua despesa mais importante: poupança

Estabeleça metas de poupança, desafie-se e permita-se atingir a verdadeira liberdade. Assim, assuma uma despesa fixa todos os meses. A poupança é a fatura mais importante que alguma vez terá. Se todos os meses colocar de parte uma parcela do seu rendimento, vai poder alcançar realmente os seus sonhos.

Quanto deve poupar do ordenado por mês? Não tendo responsabilidades, devia guardar uma parte significativa. Claro que depende do rendimento que tiver, mas para quem está a começar e não tem despesas, metade do salário seria um desafio interessante.

O mais recomendado é que transfira todos os meses (mal o salário cai na conta, e não no final do mês) uma parcela para uma conta em que não mexa. Fazer uma transferência automática é, aliás, o melhor. Desta forma, o dinheiro sai da conta sem que precise de fazer alguma coisa ou de se lembrar de o fazer.

Há muitos desafios de poupança que pode aplicar, testar e perceber qual funciona melhor para o seu caso. Não interessa qual é o que resulta melhor, o que importa é que encontre um que funcione.

Devemos encarar a poupança como a fatura mais importante que alguma vez vamos ter na vida. Afinal, estamos a pagar-nos pelo trabalho, esforço e dedicação que colocamos em cada dia em que estamos a trabalhar. Não há mal nenhum em gastarmos todo o nosso dinheiro, mas ficaremos limitados na concretização dos nossos sonhos se não nos prepararmos.

jovem com uma expressão de felicidade agarrada a uma caixa de mudanças, contente por ter decidido comprar casa sozinha

Sair de casa dos pais

A maior parte dos jovens adultos ambiciona sair de casa dos pais. Sendo que este sonho exige disciplina. Se houver o hábito de poupança desde cedo, a sua concretização será mais fácil. Para começar, e de forma a saber quanto é preciso ter de parte para o conseguir, é fundamental saber de quanto estamos a falar.

O objetivo é comprar ou arrendar casa? As duas hipóteses são válidas, sendo que cada uma delas tem desafios diferentes.

Leia ainda: Quer comprar casa? Saiba o que tem de fazer primeiro

Comprar casa

Para concretizar este sonho precisamos de ter poupanças (o que se chama de capitais próprios). Vamos assumir que quem está agora a começar não tem dinheiro para comprar uma casa a pronto, pelo que precisará de ajuda de uma instituição financeira.

Os bancos emprestam até 90% do valor do imóvel. Ou seja, se a casa valer 100 mil euros, precisamos de ter 10 mil euros para conseguirmos comprar. Por regra, este é o valor que os proprietários pedem de entrada para “reservarem” a casa até à conclusão da venda.

Além deste valor, precisamos de ter dinheiro para pagar os impostos (IMT e imposto de selo), além das despesas relacionadas com o processo de concessão de crédito. Antes de avançar, e de forma a conseguir preparar-se para a compra de uma casa, avalie todos os custos, documentos e impostos com que deve contar.

Avalie ainda a sua capacidade de pagar um empréstimo. Os bancos, para aprovarem o financiamento, vão avaliar a taxa de esforço do cliente, não emprestando mais do que 30% para a compra de uma casa.

Tendo em consideração 30% do seu rendimento, faça simulações para perceber qual o valor de crédito com que poderá contar para respeitar uma taxa de esforço comportável. Use a calculadora de prestação crédito habitação para ficar com uma ideia. E peça ajuda a um especialista para perceber qual a melhor opção para o seu empréstimo.

A compra de uma casa implica encargos iniciais maiores do que o arrendamento, mas o valor dos encargos mensais é, por norma, mais baixo. Por outro lado, oferece uma estabilidade maior, não estando dependente de senhorios e tendo mais oferta de imóveis no mercado.

Arrendar casa

Já o arrendamento imobiliário requer que tenha algumas poupanças, mas menores. Os senhorios exigem que pague duas ou três rendas quando entra, que funcionam como caução.

Contudo, há pouca oferta no mercado de arrendamento. Há poucos imóveis disponíveis, pelo que o valor das rendas é, por regra, mais elevado do que o valor das prestações de crédito. Além disso, o senhorio pode não querer renovar o contrato de arrendamento e será obrigado a ir à procura de uma nova casa.

No caso de a solução ser arrendar uma casa, avalie se consegue beneficiar do programa Porta 65 Jovem, que abrange jovens dos 18 aos 35 anos. Há ainda o Programa de Arrendamento Acessível, através do qual pode conseguir ter acesso a rendas mais baixas, desde que encontre uma casa que esteja associada a este programa.

Assim, o arrendamento requer menor preparação financeira inicial, mas implica um custo maior mensalmente e uma dependência de terceiros, algo que não acontece quando a casa é nossa. Contudo, para o início da vida adulta é uma opção a ter em consideração.

A vida adulta

Terminados os estudos, há uma série de hipóteses. Podemos continuar a estudar, fazer especializações, ou começar a trabalhar.

E podemos candidatar-nos a uma vaga dentro de uma empresa ou experimentar trabalhar por conta própria, o que exigirá outras obrigações, além das referidas ao longo deste artigo.

Entrar no mercado de trabalho pode ser desafiante. Exige mais disciplina e responsabilidade. Mas é mais um passo para uma liberdade e independência plenas.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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