Rendimentos

Como aumentar o meu rendimento disponível?

Mesmo em tempos de maiores constrangimentos financeiros, é possível aumentar o rendimento disponível. Descubra o que pode fazer.

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Como aumentar o meu rendimento disponível?

Mesmo em tempos de maiores constrangimentos financeiros, é possível aumentar o rendimento disponível. Descubra o que pode fazer.

Com a inflação em níveis historicamente elevados, e com a subida das taxas de juro no crédito habitação, são muitos os portugueses que têm visto o seu orçamento cada vez mais limitado. Neste contexto, é normal que esteja a questionar-se: "É possível aumentar o meu rendimento disponível?" Sim, é possível.

Mas dado que este é um processo que envolve diversas alterações, deve debruçar-se primeiro sobre a revisão das suas despesas mais elevadas. Depois passe para os encargos de valor médio e, por fim, faça os últimos ajustes nas despesas não essenciais ou com valores menos significativos.

Como nem sempre é fácil saber por onde começar e o que deve ter em consideração, de seguida, conheça algumas formas de aumentar o seu rendimento disponível.

Ler ainda: Como chegar ao final do mês com mais dinheiro na carteira

Aumentar o meu rendimento disponível revendo o crédito habitação

Este deve ser um dos primeiros passos caso tenha créditos por liquidar e precise de aumentar o seu rendimento disponível. Afinal, para muitas famílias, o encargo com prestações de crédito leva metade dos rendimentos do agregado familiar. E, por norma, o crédito habitação representa o encargo mais elevado no universo dos financiamentos.

Se é titular de um crédito habitação com uma taxa variável ou taxa mista (estando no período variável), o mais provável é que a sua prestação de crédito tenha aumentado significativamente nos últimos tempos.

Assim, neste caso, existem alguns cenários possíveis a ter em consideração. Em primeiro lugar, verifique se neste momento compensa "candidatar-se" aos apoios do Governo para diminuir a sua taxa de esforço, caso esta tenha subido para mais de 35%.

Depois, esta é uma altura em que as instituições financeiras devem apresentar soluções aos titulares de crédito habitação para combater o risco de incumprimento. Assim, é fundamental que entre em contacto com o seu banco e tentem chegar a um acordo sobre a diminuição dos juros temporariamente, aumento do prazo do contrato, entre outras opções viáveis para diminuir este encargo.

Além destas hipóteses, pondere a possibilidade de uma transferência de crédito habitação para outra entidade. Ao transferir o seu crédito para uma entidade que cubra os custos desta alteração, pode diminuir o valor do seu spread - afinal já há bancos a aplicar spreads mínimos de 0,75% -, remover produtos do seu contrato, alterar a modalidade dos juros, e até aproveitar para mudar os seus seguros "obrigatórios" do seu crédito habitação para outra seguradora. 

Exemplo de poupança ao transferir o crédito habitação

Por exemplo, se tiver um crédito habitação associado à Euribor a 12 meses, com um capital em dívida de 140 mil euros, com 360 prestações por liquidar, e um spread de 1,7%, a sua prestação é de 768,76 euros. Se, com a transferência, conseguir reduzir o seu spread para 0,9%, fica durante 12 meses com uma prestação de 701,07 euros. Ou seja, vai pagar menos 67,69 euros por mês. O que, ao final de um ano, dá uma poupança de 812,28 euros.

Agora, vamos supor que deixa de ter associado ao seu contrato um produto que adiciona um encargo de 15 euros mensais. Se eliminar esta obrigação do contrato, num ano poupa 180 euros.

Por fim, se conseguir reduzir o valor dos seus seguros de vida do crédito habitação e seguro multirriscos de 100 para 60 euros (alterando estes para outra seguradora), vai poupar 40 euros por mês. Logo, terá uma poupança anual em seguros de 480 euros.

Fazendo contas, neste caso, o titular pouparia por mês 122,69 euros e, ao fim de 12 meses, um total de 1.472,28 euros.

Elimine créditos com juros elevados

Se, além do seu crédito habitação, tem outros empréstimos por liquidar, como um crédito automóvel, crédito pessoal e cartões de crédito, informe-se sobre a possibilidade de consolidar todos os seus créditos pessoais num só. Um banco que autorize uma consolidação de créditos "compra" a dívida de todos os seus créditos pessoais. Depois aplica a este valor uma taxa única que, por norma, é mais baixa do as aplicadas noutros créditos, como é o caso dos cartões de crédito.

Para tal, basta cumprir os critérios para obter um crédito consolidado, como ter, no mínimo, dois créditos pessoais, não estar em incumprimento, entre outros. E ao juntar todos estes créditos num só, pode poupar até 60% em relação a todas as prestações que pagava antigamente. No entanto, tenha em consideração que a poupança varia consoante o prazo dos seus créditos, o capital em dívida, as condições que tinha anteriormente e a taxa aplicada ao seu crédito consolidado.

Leia ainda: Como pode a consolidação de crédito reduzir os meus encargos?

Outra das soluções é utilizar o seu crédito habitação para obter um financiamento extra e saldar os créditos com juros mais elevados. E como é que pode ter direito a este financiamento extra? Através de um crédito multiopções, onde é feita uma segunda hipoteca sobre o imóvel que está a pagar ao banco.

Contudo, tenha em conta que o crédito multiopções só é possível se tiver um LTV inferior a 80%, na melhor das hipóteses, e uma taxa de esforço que não ultrapasse os 50%. Considere que, no cálculo da sua taxa de esforço, vão entrar todas as suas prestações de crédito, como a do crédito habitação, outros créditos pessoais, e a nova prestação do crédito multiopções. E estas duas condições são um fator de recusa em muitos créditos multiopções.

A grande vantagem de utilizar um crédito multiopções para eliminar outros créditos é que este funciona como um crédito hipotecário, tendo acesso a um prazo superior para saldar a sua dívida. Além disso, uma vez que dá o seu imóvel como garantia, as taxas de juro são mais baixas do que a maioria dos créditos pessoais que tem. Em comparação com o crédito habitação, o spread é ligeiramente mais elevado, rondando os 2%.

Ler ainda: Crédito habitação: Em que situações é possível pedir um multiopções?

Reveja a sua carteira de seguros e aumente o seu rendimento disponível

Ao longo da vida é normal contratar diversos seguros, consoante as suas necessidades. Por exemplo, atualmente, pode ter um seguro automóvel, um seguro de saúde, um seguro de crédito, um seguro de vida, um seguro de vida de crédito habitação, seguro multirriscos, entre outros.  

Caso tenha a mesma apólice de seguro há vários anos, é provável que esta esteja desatualizada face às suas necessidades, mas também em relação ao preço atualmente praticado no mercado. Assim, é sempre aconselhável pedir simulações em outras seguradoras e comparar preços para as coberturas que precisa atualmente. 

Outra das análises que deve fazer em cada seguro é avaliar as coberturas que possui e tentar remover as que não necessita da sua apólice. Quando tem uma vasta carteira de seguros, é comum ter coberturas repetidas. E não faz sentido estar a pagar mais, por duas coberturas idênticas ou iguais. 

Por fim, veja se neste momento existe algum seguro que já não faz sentido manter. Por vezes, contratamos seguros para determinadas situações, mas acabamos por não os cancelar, por representarem um encargo reduzido.

Se fizer uma revisão minuciosa à sua carteira de seguros e tentar encontrar soluções mais atrativas para si, o mais provável é que consiga poupar dezenas ou até centenas de euros mensalmente.  

Leia ainda: Poupar nos seguros? 11 dicas que podem ajudar a sua carteira

Reveja todos os seus contratos e subscrições

Com as faturas da eletricidade, do gás natural e das telecomunicações a aumentarem, esta é uma excelente altura para investir o seu tempo a procurar soluções mais acessíveis. Quanto aos contratos da eletricidade e gás natural, é preciso fazer contas para ver se compensa continuar no mercado liberalizado ou no mercado regulado.  

Para muitas famílias, a alteração do contrato do gás natural para o mercado regulado tende a compensar. Já no que respeita à eletricidade, terá mesmo de avaliar o seu contrato atual e comparar com as opções que existem atualmente.  

No que diz respeito ao contrato das telecomunicações, é preciso ter em conta o período de fidelização antes de alterar o contrato para outra entidade. Em 2023, a maioria das operadoras aumentou o preço das faturas devido ao aumento da inflação. Assim, se a sua fidelização estiver a terminar, tente renegociar o seu contrato ou pesquisa opções com preços mais acessíveis sem perder os serviços essenciais para si. 

Por fim, hoje em dia, as subscrições também têm um impacto no orçamento mensal das famílias. Desde os serviços de streaming, aplicações de música, desporto, entre outras, e as assinaturas mensais de jornais e conteúdo de entretenimento exclusivos, pode estar a ter um encargo demasiado elevado para a sua situação financeira atual. Assim, veja quais são as subscrições essenciais para si, e faça um corte em outras subscrições que neste momento não são tão relevantes. 

Refaça o seu orçamento mensal e veja se conseguiu aumentar o seu rendimento disponível

Para ter a certeza que as renegociações de contratos e redução de encargos tiveram o efeito pretendido, o melhor é refazer o seu orçamento familiar. Assim, pode facilmente identificar o seu rendimento disponível e as despesas que tem.  

Além das revisões contratuais, veja se existem encargos não essenciais que pode cortar. Ao reduzir os seus gastos, fica com mais dinheiro na carteira para reduzir a perda do poder de compra.  

Além disso, faça contas e veja qual é o valor que pode aplicar no seu fundo de emergência ou numa conta poupança. Afinal, nestas alturas, é essencial ter um pé de meia para cobrir imprevistos, assegurando assim uma maior estabilidade financeira.  

Ler ainda: Do IVA 0% ao apoio de 30 euros: Conheça as novas medidas do Governo

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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