Quer uma reforma tranquila? Comece já a prepará-la

Pode parecer que a reforma está muito longe, mas a única forma de garantir uma reforma financeiramente tranquila é começar cedo.

A reforma é uma das fases da vida que precisa de maior preparação, mas também é a que temos mais tempo de preparar. Se o seu objetivo é fazer o que pretende, quando lhe apetece, onde e como deseja, o conselho é que comece o planeamento cedo.

Na União Europeia, a média da idade da reforma é de 64,3 anos para os homens e de 63,5 anos para as mulheres. A idade atual da reforma é de 65 anos ou mais, na maioria dos países europeus, onde os dados da OCDE estão disponíveis. Dos países membros da UE, a Grécia, a Itália, o Luxemburgo e a Eslovénia têm a idade da reforma atual mais baixa, que se fixa nos 62 anos tanto para os homens como para as mulheres. A Noruega e a Islândia têm as idades da reforma mais elevadas, que se fixa nos 67 anos.

Em Portugal, atualmente, a idade da reforma é 66 anos e 4 meses.

A preparação para esta fase deve ser um dos maiores projetos na vida ativa de cada um. Há muitas coisas que devemos ter em atenção e há várias decisões que temos de tomar. De forma a ajudar a preparar esta fase, identificamos aqueles que são alguns dos principais erros ao planear para esta etapa da vida:

Subestimar o impacto da inflação

Com uma taxa de inflação média de 3%, num período de 25 anos, o poder de compra é reduzido em cerca de 50%. Uma estratégia de investimento que permita atenuar o efeito do aumento natural dos preços, é uma peça fundamental neste processo. Falhar, pode ter um custo elevado.

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Esperança média de vida

Ainda que sejamos otimistas, grande parte da população subestima o número de anos que vai viver na reforma. A esperança média de vida em Portugal, aos 65 anos é 19,3 anos, sendo 20,8 para as mulheres e 17,4 para os homens. Seja conservador e tenha atenção que, com o evoluir da medicina, a esperança média de vida tem aumentado cerca de 1 ano, por década.

Postura demasiado conservadora nos investimentos

Ainda que possamos ter um perfil de investidor conservador, é importante ter um equilíbrio entre produtos sem risco e produtos com algum risco, mas maior potencial de retorno. Desenhe uma estratégia de investimento de longo prazo.

Começar a poupar demasiado tarde

Percebemos que a reforma é sempre um cenário distante e que é mais simples adiar o início da preparação. Adicionalmente, em termos emocionais, necessita de alguma adaptação à ideia de nos prepararmos para tal etapa da vida. Ainda assim, essa fase vai chegar e quanto melhor preparados estivermos, menos desafios e mais oportunidades teremos.

Quanto mais cedo começarmos, menor será o esforço médio. Com pequenos passos, chegaremos longe, o importante é começar cedo.

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Sobrestimar retorno dos investimentos

Um dos erros mais comuns é o otimismo no retorno da nossa carteira de investimento. Ainda que, historicamente e em média, os mercados apresentem retornos positivos, essa evolução é cíclica e nem sempre conseguimos antecipar o que acontecerá.

Subavaliar os custos relativos a despesas de saúde

Com o avançar da idade, a probabilidade de precisarmos de maior apoio médico, também aumenta. Não desconsidere esta evolução. Ainda que existam formas de atenuar o risco, como seguros de saúde, por exemplo, a nossa qualidade de vida nesta fase, passará também por maior acompanhamento médico.

Demasiada confiança em apoios públicos

Sem dúvida que existem apoios sociais para esta fase da vida. Tanto mais, que todos os dias trabalhamos e contribuímos para esse fundo. Ainda assim, está fora do nosso controlo, aquilo a que teremos direito quando atingirmos a idade da reforma.

Existem estudos sobre a evolução das pensões ao longo dos anos e a mensagem é que devemos também ter a nossa estratégia paralela, como complemento.

Estratégia de investimentos demasiada agressiva

É certo que, uma estratégia de investimento muito conservadora, não trará os retornos desejados, mas o extremo oposto também é verdade. Existem ativos com fortes perspetivas de crescimento, mas que trazem com elas forte volatilidade. Com isso, podemos incorrer em perdas momentâneas e necessitar de algum tempo para recuperar.

Subestimar custo de vida durante a reforma

A reforma é uma etapa especial da vida, onde teremos custos específicos, alguns deles imprevistos. Adicionalmente, a inflação irá fazer o seu papel e aumentar o custo de vida. O ambiente e contexto que vamos encontrar quando chegarmos à idade da reforma, não serão iguais ao que vivem as pessoas que estão hoje reformadas.

Endividamento muito próximo da reforma

À medida que a idade da reforma se aproxima, é aconselhável ir reduzindo o número de encargos financeiros. Com o aumento da incerteza, é imperativo a redução de tudo que sejam encargos fixos.

A preparação para a reforma não precisa de ser um processo doloroso. Basta pensar que todo e qualquer esforço e investimento que fizer no presente, trará retorno e maior tranquilidade no futuro. O importante é refletir e planear já!

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Sérgio Cardoso nasceu em Matosinhos, em 1979. Licenciado em Gestão pela Faculdade de Economia do Porto, frequentou The Lisbon MBA, que concluiu em UCLA. Fez grande parte da carreira profissional em media e entretenimento. Atualmente, é Chief Academic Officer no Doutor Finanças, sendo responsável pela Academia do especialista em finanças pessoais, dinamizando toda a área de formação. É ainda consultor, dedicando-se a ajudar empresas nas várias áreas da gestão, o que lhe permite acumular experiências que transmite aos alunos da licenciatura de Gestão, da UCP, onde é professor assistente.

A informação que consta no artigo não é vinculativa e não invalida a leitura integral de documentos que suportem a matéria em causa.

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